FIBRA
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A 40 dias do primeiro turno das eleições, que ocorrerá em 2 de outubro, o portal de notícias Metrópoles realizou, na noite de terça-feira, 23 de agosto, debate com candidatos ao governo do Distrito Federal. A Federação das Indústrias do DF (Fibra) foi um dos apoiadores da iniciativa.
O encontro reuniu os sete candidatos mais bem colocados na última pesquisa Metrópoles/Ideia, publicada em 18 de agosto: Ibaneis Rocha (MDB), Leila do Vôlei (PDT), Paulo Octávio (PSD), Izalci Lucas (PSDB), Rafael Parente (PSB), Leandro Grass (PV) e Keka Bagno (PSol).
Na abertura do debate, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF), desembargador Roberval Belinati, destacou a importância do voto. “A democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo. Se escolhermos bem os representantes, teremos um bom governo. Se escolhermos mal, correremos o risco de não termos um bom governo. Daí a importância de prestar atenção no debate político, para poder avaliar as ideias e as propostas de trabalho dos nossos candidatos, dos nossos políticos”, disse. “Votar é exercer a cidadania, é fazer parte da democracia”, completou.
O debate foi dividido em quatro blocos. Nos três primeiros, os candidatos puderam fazer perguntas entre si e responder perguntas de jornalistas. No quarto bloco, os postulantes ao cargo de governador do DF responderam perguntas formuladas pelas entidades apoiadoras do debate. O questionamento deveria ser feito em, no máximo, um minuto, e cada candidato teve um minuto e meio para resposta. A ordem das falas dos candidatos foi sorteada previamente. Abaixo está o questionamento da Fibra, seguido de um resumo das respostas de cada candidato:
Pergunta
Estudo da Confederação Nacional da Indústria indica que, a cada real produzido pela indústria, outros R$ 2,43 são gerados para a economia nacional. Este valor é quase o dobro do retorno obtido com investimentos em outros setores. Este alto retorno de investimento se dá porque a indústria tem a capacidade de movimentar toda a economia. Uma região industrializada tem os setores do comércio e de serviços fortes, fator que impulsiona a geração de empregos de qualidade e de renda, além de promover o desenvolvimento tecnológico e a inovação.
Diante desses fatos, qual é a sua proposta para o efetivo desenvolvimento industrial do Distrito Federal?
Keka Bagno (PSOL – Federação PSOL/Rede)
A candidata citou a necessidade de incentivo a áreas de desenvolvimento econômico como as de Santa Maria, Samambaia e Ceilândia. Citou que o DF tem média de desemprego 50% maior que a nacional e que o investimento nessas áreas pode colaborar com a redução do desemprego. Considerou que o Banco de Brasília (BRB) deveria ser mais utilizado como ferramenta para incentivo econômico. Falou da importância da integração do DF com o Entorno e a Região Integrada de Desenvolvimento do DF e Entorno (Ride).
Izalci Lucas (PSDB – Federação PSDB/Cidadania-DF/PRTB-DF)
Reconheceu a importância do desenvolvimento e citou a criação, por ele, no Senado, da Frente Parlamentar em Apoio aos Investimentos Estrangeiros para o Brasil. Disse que o DF já deveria ser a capital dos eventos e da tecnologia, citando o trabalho para lançamento do Parque Capital Digital [atual Biotic]. Criticou a transferência da gestão do Biotic para a Terracap, que ele considera uma empresa imobiliária, não adequada para o investimento em parques científicos e tecnológicos. Falou da necessidade de investimento em qualificação e criticou a não criação da região metropolitana de Brasília, que considera fundamental para o desenvolvimento industrial regional. Lamentou o fato de muitas empresas terem se instalado em Anápolis (GO) e não no Polo JK, em Santa Maria (DF).
Paulo Octávio (PSD)
Abriu a fala tratando da importância de se mudar o foco econômico de Brasília, citando que tem se esforçado para atrair empresas para a cidade. Citou a importância de se mostrar ao Brasil que Brasília não é somente a capital administrativa, mas uma capital econômica da região Centro-Oeste. Falou sobre a capacidade do DF de ser um polo logístico, citando a necessidade de se pensar em um novo aeroporto na região de Planaltina e a possibilidade de legalização do aeroporto Botelho. Considera que é necessária a criação de áreas de desenvolvimento econômico em todas as regiões administrativas. É favorável à redução de impostos e à simplificação tributária. Também falou da necessidade de segurança jurídica para que empresas nacionais e da América Latina se instalem no DF.
Leila do Vôlei (PDT)
Considera importante buscar alinhamento com os governos de Minas Gerais e de Goiás. Citou setores da agroindústria que podem ter capacidade de atração de investimento, como o do couro e do algodão, fazendo referência ao Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão, localizado em Brasília. Também fez referência à produção local de sementes e à capacidade agrícola local. Tratou da importância do debate fiscal com os estados vizinhos. Falou da competência da cidade para o setor de ciência e tecnologia, citando a necessidade de ampliação do Biotic e a criação de polos tecnológicos em regiões administrativas como Taguatinga.
Ibaneis Rocha (MDB – Unidos Pelo DF)
Citou ações realizadas durante o governo, como a regulamentação tributária e a convalidação de incentivos fiscais. Falou da atração de empresas para a cidade e no investimento para Brasília se tornar um hub, com interligação a quase todos os estados. Falou sobre a criação do programa Desenvolve-DF, que oferece terrenos com menor custo para empresas se instalarem no DF. Citou investimentos no Polo JK, pontuando o em energia. Disse que é necessário avançar na pauta da industrialização, com uma indústria limpa, e falou de investimentos no polo logístico, considerando que por Brasília passam as principais rodovias, e que a capital federal tem um dos principais aeroportos do Brasil.
Rafael Parente (PSB)
Reforçou a importância do setor logístico, mas falou da necessidade de se pensar nas indústrias criativa, de tecnologia e farmacêutica. Falou da importância de se igualar tributos com os de outras unidades da Federação e da necessidade de se melhorar a segurança jurídica. No quesito infraestrutura, falou sobre a melhoria da condição das vias como influência positiva para o escoamento de produção. Tratou de educação e da relação direta do tema com a indústria e da necessidade de formação profissional para o setor e da importância da ligação entre o Ensino Médio e a indústria, citando o exemplo de Pernambuco com as escolas técnicas e de tempo integral.
Leandro Grass (Federação Brasil da Esperança – PT/PC do B/PV)
O candidato falou da importância de não se tratar apenas das grandes indústrias, porém também das pequenas e micro, além da pequena indústria gerada na agricultura familiar. Citou também a pequena indústria de transformação e a conectada aos catadores de materiais recicláveis, com o exemplo da reciclagem do vidro, que, segundo o candidato, hoje vai todo para fora do DF. Disse que o investimento industrial vai além da revisão da tributação, mas passa pelo Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), que o candidato considera esquecido. Afirmou que, com o ZEE, é possível incentivar a industrialização de forma a se obter o maior impacto econômico e o menor impacto ambiental, citando a possibilidade de falta d’água. Falou sobre Brasília não ser dependente de um modelo industrial poluidor do Século XXI, mas ligada à indústria dinâmica, plural e variada, gerando a economia verde que pode dar sustentação aos investimentos públicos.
Propostas para a indústria
Em 17 de agosto, a Fibra publicou o documento Pauta da Indústria 2023-2026 – Diretrizes para o desenvolvimento industrial do DF, no qual a Federação apresenta aos candidatos ao cargo de governador e à sociedade demandas da indústria para o desenvolvimento do setor.
Todos os candidatos ao governo do DF receberam o documento para análise e a pergunta realizada no debate foi elaborada com base na publicação. O texto é construído em três dimensões estratégicas: Infraestrutura e Marcos Regulatórios, Melhoria do Ambiente de Negócios e Ecossistema de Inovação e Transferência Tecnológica. Agrupadas nas dimensões estratégicas estão 12 diretrizes, organizadas cronologicamente pelo nível de urgência e de viabilidade de execução, que é de curto, médio ou longo prazo. A pauta também apresenta uma diretriz-síntese, considerada pelo setor como principal instrumento para o desenvolvimento industrial local: a implantação da Política de Desenvolvimento Sustentável do DF, obrigação prevista no Zoneamento Ecológico-Econômico do DF (ZEE-DF), instituído em 2019.
Acesse aqui a Pauta da Indústria 2023-2026 – Diretrizes para o desenvolvimento industrial do DF.
A íntegra do debate está disponível no canal do portal Metrópoles no YouTube. Clique aqui para acessar a página.